domingo, 31 de dezembro de 2023

O Diário de Emanuelle Charboneau.

 O Diário de Emanuelle Charboneau.

Aperência:

O diário de Emanuelle Charboneau é um livro de capa dura, forrado em couro amarelo-pálido e possui um leve cheiro adocicado de baunilha. As bordas das páginas são envelhecidas, com manchas de mofo e algumas rasuras, o que denota o uso constante ao longo do tempo.

Ao abrir o diário, pode-se sentir uma textura áspera nas páginas, aparentemente causada por uma mistura de suor e lágrimas da condessa ao escrever suas anotações. As letras são escritas com tinta dourada, que brilha à luz do sol. Em algumas páginas, há manchas de sangue seco, como se Emanuelle tivesse cortado a mão ao escrever.

A tonalidade do diário emana um amarelo-pálido, quase doentio, que evoca uma sensação de morbidez e decadência. O couro desse diário, outrora vibrante e radiante, exibe agora uma palidez quase cadavérica. O amarelo, tingido por manchas de mofo, cria uma atmosfera melancólica que se aprofunda com as rasuras e desgastes visíveis nas bordas das páginas. A tinta dourada, que uma vez conferiu um brilho sutil às letras, agora parece ter perdido seu esplendor original, como se as palavras ali contidas estivessem seladas por uma tristeza que transcende o próprio papel. Nesse cenário de desolação, as manchas de sangue seco, testemunhas silenciosas de angústia e aflição, acentuam a atmosfera sombria que permeia o diário de Emanuelle.

Resumo do Livro:
Emanuelle Charboneau era uma adoradora fervorosa do Rei de Amarelo, acreditando que a entidade cósmica lhe concedia poderes sobrenaturais e inspiração divina. Em várias passagens do diário, ela exalta e endeusa o Rei, escrevendo com um tom de reverência e submissão:

"Ó grande Rei de Amarelo, conceda-me seus dons e ilumine minha mente para que eu possa entender os segredos do universo. Eu lhe dou minha alma e meu corpo para que possa usá-los em seu serviço."

No entanto, ao longo do diário, a escrita de Emanuelle Charboneau torna-se cada vez mais perturbadora e sinistra, revelando sua descida em um estado de loucura:

"As sombras me cercam, sussurrando palavras em minha mente. Eu as vejo se contorcendo ao meu redor, esperando para me consumir. Mas o Rei de Amarelo me protege, suas mãos invisíveis me envolvendo e me levando para as profundezas da loucura."

As ilustrações presentes no diário são grotescas e perturbadoras, refletindo a insanidade e os delírios da Condesa. Ela desenhou figuras humanas deformadas, com membros retorcidos e rostos distorcidos. As criaturas demoníacas são representadas com detalhes viscosos e tentáculos espiralados, com olhos semicerrados e bocas abertas em um grito silencioso.

Em resumo, o diário de Emanuelle Charboneau é um objeto sombrio e sinistro, contendo escritos e imagens que revelam uma mente atormentada e perturbada pela obsessão pelo Rei de Amarelo.

Passagens.

Página 32 -
Mais uma vez, os sussurros persistem, guiando meus pensamentos por um labirinto sombrio. Sinto-me cada vez mais próxima dele, o Rei de Amarelo, cujo toque suave aquece minhas costas, enquanto sua voz melódica sussurra segredos antigos em meus ouvidos.

Ele me faz promessas grandiosas; esta noite, ele virá à minha presença novamente, adentrando meus aposentos e possuindo minha carne. O prazer é imensurável ao ser dele e somente dele. O REI DE AMARELO, O REI DE AMARELO, O REI DE AMARELO ₒ ᵣₑᵢ dₑ ₐₘₐᵣₑₗₒ ₒ ᵣₑᵢ dₑ ₐₘₐᵣₑₗₒ ໐ rēi ໓ē ค๓คrēl໐


Página 48 - 
Meu precioso Hans, como você se contorceu e gemeu enquanto seus membros eram arrancados de seu corpo. Ah, que doce música para meus ouvidos! Eu senti um êxtase indescritível ao ver sua carne ser cozida, a gordura derretendo na panela. O aroma que se espalhou pela cozinha era tão delicioso, tão envolvente, que meus sentidos pareciam estar em outro plano de existência. 

Eu sei que alguns podem pensar que foi cruel e desumano o que eu fiz com o pobre Hans. Mas eles não compreendem a grandeza do Rei de Amarelo e o que ele exige de seus seguidores. Hans não foi um sacrifício em vão, ele deu sua vida em nome do Rei e agora sua essência será parte do todo, fortalecendo o nosso vínculo com o divino. 

Eu sou grata por ter sido escolhida pelo Rei de Amarelo, por ter sido agraciada com sua presença e seus ensinamentos. Eu sou uma serva fiel, uma sacerdotisa incansável, uma amante devota. E se isso significa que eu devo cometer atos que a mente fraca e limitada de outros julgam abomináveis, assim seja. Eu farei qualquer coisa pelo meu amado Rei de Amarelo.

Página 65 -
Aquelas megeras não têm ideia do que as espera, criaturas patéticas sem a menor noção de garbo e elegância. Cairão assim que eu estiver com o manto em minhas mãos. Ainda não localizei os malditos roxinóis do coração dourado, mas com todos os meus homens procurando, é apenas questão de tempo...

Frau Gothel e sua confraria irão sucumbir ao poder do Grande Antigo. Trarei o manto para ele; sei que assim ele me aceitará novamente. Eu sei que assim ele voltará a me amar.

Página 77 -
Malditos gigantes, não aceitaram minha oferta [...] As pedras de Cintrino que possuem precisam ser minhas. São apenas monstros irracionais, bárbaros sem nenhum pudor. Eu as tomarei para mim. Em nome do meu Senhor!

Página 89 -
Nesta tarde, o velho Bastian veio até mim implorando por um adiantamento. Ele deve pensar que não sei que metade do seu pagamento é despejado nas bebidas [...] Apenas me compadeço pela menina. Ela não merecia um maltrapilho como pai. Usa roupas compridas para esconder as escoriações e feridas. Pobre alma.

Página 93 -
Parece que Bastian foi vítima de seu próprio estilo de vida degradante. Tomei a menina como minha protegida. Ela assumirá as tarefas do pai e será uma boa companhia para Nicolle [...] Afinal, só o grandioso sabe o quanto essa menina precisa de contato social.

Página 97 -
Em apenas cinco dias aqui, a garota já provou ser mais perspicaz do que minha filha e até mostrou uma certa aptidão nos estudos Hexanos [...] Só queria que Nicolle fosse mais parecida com ela, tão fraca, e eu me culpo por isso. [...] Mimei a garota [...] Ela deve ser testada imediatamente, provar sua fé no Grande Antigo.

Página 547 -
Finalmente, o encontrei. Por um breve momento, minhas mãos tocaram-no [...] O Manto Cróceo, deslumbrante e belo. Sua cor dourada, feita de fibras resistentes, é forrada por dentro com um pano que replica o vasto céu estrelado à noite [...] Aquelas bruxas o tiraram de mim; ainda não compreendo. Elas nem sequer podem tocar no manto, e mesmo assim fazem de tudo para mantê-lo afastado de mim [...] Elas encantaram os roxinóis; eles voaram para perto das fronteiras de Farngomery. Até o final da tarde, ele será meu!

Página 548 -
Um maldito caçador está com o meu manto e, aparentemente, com o coração dourado do roxinol... Matarei o bastardo, basta de sangue derramado; não afundarei na mesma loucura de minhas inimigas [...] É hora de Nicolle provar sua devoção ao soberano; ela já se tornou uma bela moça [...] A sedução é a chave, e quando o manto estiver em minhas mãos юЭ Щ Щ [...] Apenas um pela noite, mil segredos, milhões de verdades, e que assim seja feita a sua vontade, REI DE AMARELO REI DE AMARELO REI DE AMARELO!

A Partir da página 549 a caligafria e forma de escrita mudam, denunciando um novo interlocutor.

Página 549- 
Nicolle, meretriz traiçoeira postulante! SUA MÃE TERIA VERGONHA DE VOCÊ [...] Fuja para longe, calhorda da mais baixa estirpe [...] Que aprecie o resto de sua vida miserável com Craven Rannum, aquele paquiderme!

Mil desculpas, caro diário. Não deveria encher-lhe com ódio e malícia... Acredito que uma apresentação adequada seja mais apropriada neste momento. Afinal de contas você foi criado na intenção de amarzenar memórias e sentimentos.

Me chamo Grimilda Reinhardt, e meu nascimento ocasionou a morte de minha mãe. Meu pai, Bastian, foi a criatura mais monstruosa que já conheci. Ainda tremo só de escrever o nome dele e lembrar do cheiro de alho e álcool que emanava de sua boca podre.
Lembro das poucas noites agradáveis que passava fora de casa, dormindo ao ar livre, ao som das criaturas silvestres que me cercavam. Lembro-me de acariciar os pelos de Roger, meu amado coelhinho, que caía no sono toda vez que eu fazia um afago entre suas orelhas [...] Também me recordo do dia em que meu pai cozinhou Roger e o serviu como janta.
Acho que fica claro que meu pai era um obstáculo e tinha que partir. O álcool disfarçou bem o cheiro da toxina. Mas meu pai era um homem robusto; foi o suficiente apenas para deixa-lo paralisado do pescoço para baixo. Por sorte, a criatividade sempre foi um dom meu.
naquela noite, observei o desgraçado queimar dentro do chalé, palco de 17 anos de pesadelos que sofri. 

Página 550-
Foi assim que a cerca de um ano atrás, vim parar sob os caridosos tetos da Condesa de Citrino [...] Sempre suspeitei que havia algo de errado aqui dentro [...] Eu a espiava constantemente, balbuciando palavras em línguas mortas, conversando sozinha, dentro de seus aposentos, grunhindo como algum animal no cio [...]

Conquistar a confiança da Condesa foi o primeiro passo; depois, mostrei-me interessada em suas fantasias cultistas [...] E tinha Nicolle, a doce Nicolle. Me arrependo amargamente de um dia ter depositado meu amor em você. Lhe chamado de irmã [...] Nunca acreditei nessa história de Deus Antigo e Força Maior, mas a magia era verdadeira, algo estava lá. Eu sabia sobre as damas que dançavam nuas à luz do luar em fogueiras erguidas em nome de Belzebub. Sabia sobre Frau Gothel e seu Coven que rondava Farngomery e as fronteiras[...]

Sempre achei que estaríamos seguras aqui em Ritterland, mas a Condesa tinha uma vendeta pessoal contra Frau Gothel. E o "manto" e o "coração dourado" faziam parte de sua ilusão sobre o "Poder do amarelo", quando Frau Gothel soube desta fraqueza e a explorou [...] Eu alertei minha senhora, tentei tirar a neblina de seus olhos, mas ela se manteve firme em sua decisão, e isso levou a sua queda.
Craven Rannum de alguma forma conseguiu pôr as mãos no manto e no coração dourado do Roxinol [...] Inicialmente, o plano da Condesa realmente funcionou; o caçador caiu nos encantos de Nicolle, porém ela não esperava que sua filha fosse ser acertada por uma flecha do cupido [...] E isso foi nossa ruína; o manto ficou sob a posse dela por exatos dois dias. Até o caçador achar alguma forma de entrar no castelo e colocar algo em nossas comidas. [...]

Lembro-me da agonizante transformação, meu belo rosto, meu nariz dando lugar a um focinho e as grandes orelhas surgindo, minhas unhas caindo, os meus punhos se cerrando para darem lugar a cascos negros. Seja lá o que Craven Rannum tenha colocado naquela sopa de alface e repolhos nos transformou em Mulas.

Ele nos guiou até uma fazenda em Farngomery e nos vendeu por míseras peças 
de cobre, ordenando que fossem dadas por dia: uma refeição e três chibatadas na Condesa, três refeições e uma chibatada em mim e, é claro, 3 refeições e nenhuma chibatada na doce Nicole. Não se passou uma semana para que Craven retornasse e comprasse Nicole; eu o observei ao longe, servindo mais uma folha de alface para a mula, antes dela voltar à sua gloriosa e bela forma.

Página 551-

Servi naquela fazenda por 2 meses; nesse tempo, a Condesa não durou muito e morreu de ferimentos e fome. Há exatas quatro noites atrá, uma figura misteriosa apareceu no estábulo, uma velha mendiga, que me serviu as folhas antes de desaparecer. Nua, com frio e faminta, adentrei na casa do fazendeiro, cortei a garganta de suas 2 filhas imbecis que insistiam em me alvejar com pedras na minha época de mula, afoguei sua esposa enquanto ela se banhava, libertei-me de meus prazeres carnais com o filho mais velho dele (pouco antes de libertá-lo do mundo dos vivos) e, por fim, amarrei e amordaçei o velho, colocando o mesmo numa carroça e estamos de volta no castelo. Onde eu o alimento muito bem três vezes por dia e o educo com as ocasionais chibatadas.

Espero que tenha apreciado os detalhes. Sim, eu sei que está lendo isso. Podia não acreditar em você, mas depois do inferno que eu passei, tenho meus motivos para acreditar [...] Ela falava assim com você, não é? O Rei em amarelo. OH REI DE AMARELO. Tenho certeza de que essa era a forma que ela o contatava, por esse livro imundo. Você a abandonou em seus momentos de maior necessidade [...] Mas ela não era muito esperta, eu vou continuar de onde ela parou, escolhendo os aliados certos e os inimigos mais justos...

Tenho certeza de que Frau Gothel não deve ser temida, e se você tem medo dela, irei descobrir o motivo... O erro de Emanuelle Charboneau foi pedir por poder e recorrer a você! Não vou me arrastar nem fazer acordos profanos. Se for para ter poder, vou CONQUISTÁ-LO [...] Nem que seja à força.

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